Método de Willis: Princípios, Aplicações e Importância no Diagnóstico Parasitológico
Introdução
O método de Willis é uma técnica laboratorial clássica na parasitologia, desenvolvida para a detecção de ovos e larvas de helmintos em amostras fecais. Amplamente utilizado em diagnósticos veterinários e humanos, esse método se destaca por sua simplicidade e eficácia, principalmente para a identificação de parasitas leves e flutuantes. Este artigo explora em detalhes os princípios do método, seu protocolo de execução, vantagens, limitações e aplicações práticas no diagnóstico de parasitoses.
1. O Que é o Método de Willis?
O método de Willis, também conhecido como técnica de flutuação com solução saturada de cloreto de sódio (NaCl), é um procedimento de concentração parasitológica que aproveita a diferença de densidade entre os elementos fecais e as estruturas parasitárias. Desenvolvido inicialmente para o diagnóstico de helmintos intestinais, tornou-se um padrão em muitos laborários devido ao seu baixo custo e facilidade de execução.
Princípio Básico
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Baseia-se na flutuação diferencial: ovos e cistos de parasitas (menos densos) sobrenadam em uma solução salina saturada, enquanto detritos fecais (mais densos) sedimentam.
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A solução de NaCl saturada (~1,20 g/cm³) cria um meio ideal para a flutuação da maioria dos ovos de nematódeos e céstodes.
2. Materiais Necessários
Para realizar o método de Willis, são necessários:
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Amostra fecal fresca (idealmente coletada há menos de 24 horas)
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Solução saturada de NaCl (preparada com 400 g de sal para 1 litro de água)
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Peneira ou gaze para filtração
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Tubo de ensaio ou copo cônico
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Lamínula e lâmina de microscopia
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Centrífuga (opcional, para aumentar a sensibilidade)
3. Passo a Passo do Método de Willis
3.1 Preparação da Amostra
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Homogeneização: Misturar 2–5 g de fezes com 10–15 mL de solução salina saturada.
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Filtragem: Coar a mistura em gaze ou peneira para remover detritos grossos.
3.2 Processo de Flutuação
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Transferir o filtrado para um tubo de ensaio até formar um menisco convexo.
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Cobrir com uma lamínula, mantendo contato com a solução.
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Deixar em repouso por 15–20 minutos (ou centrifugar a 1.500 rpm por 5 minutos).
3.3 Coleta e Análise Microscópica
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Retirar cuidadosamente a lamínula e colocá-la sobre a lâmina.
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Examinar ao microscópio óptico (aumentos de 100x e 400x).
4. Parasitas Detectáveis pelo Método de Willis
O método é particularmente eficaz para:
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Nematódeos:
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Ancylostoma spp. (ovos)
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Toxocara spp. (ovos)
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Trichuris vulpis (ovos característicos)
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Céstodes:
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Dipylidium caninum (pacotes de ovos)
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Taenia spp. (ovos)
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Protozoários (com eficácia limitada):
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Alguns cistos de Giardia
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Obs.: Oocistos de Eimeria e cistos de Balantidium podem não flutuar adequadamente.
5. Vantagens do Método de Willis
✔ Simplicidade: Não requer equipamentos complexos.
✔ Baixo custo: A solução salina é acessível.
✔ Rapidez: Resultados em cerca de 30 minutos.
✔ Sensibilidade moderada: Boa detecção para helmintos comuns.
6. Limitações e Desvantagens
✖ Ineficaz para alguns parasitas:
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Ovos pesados (ex.: Fasciola hepatica)
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Trofozoítos frágeis (ex.: Entamoeba histolytica)
✖ Não quantifica a carga parasitária.
✖ Pode distorcer estruturas delicadas (ex.: cistos de protozoários).
7. Comparação com Outros Métodos de Coproparasitológico
| Método | Princípio | Melhor Para | Limitações |
|---|---|---|---|
| Willis | Flutuação em NaCl | Ovos de nematódeos | Baixa sensibilidade para protozoários |
| Faust | Flutuação em sulfato de zinco | Cistos de protozoários | Não detecta alguns helmintos |
| Sedimentação (Hoffman) | Decantação em água | Ovos pesados (trematódeos) | Mais demorado |
8. Aplicações Práticas
8.1 Diagnóstico Veterinário
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Rotina em clínicas: Triagem de parasitoses intestinais em cães e gatos.
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Acompanhamento pós-tratamento: Verificação da eficácia da vermifugação.
8.2 Saúde Pública
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Pesquisas epidemiológicas: Estudos de prevalência de helmintoses em comunidades.
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Programas de controle: Monitoramento de parasitoses em populações de risco.
8.3 Adaptações do Método
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Willis-Molloy: Uso de solução de sacarose para melhor preservação de estruturas.
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Willis centrifugado: Aumenta a sensibilidade em 20–30%.
9. Dicas para Melhorar a Eficácia
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Coleta adequada: Amostras frescas e sem contaminação.
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Tempo de repouso: Respeitar os 20 minutos para máxima flutuação.
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Leitura microscópica: Examinar toda a lamínula sistematicamente.
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Controles de qualidade: Testar periodicamente a densidade da solução salina.
10. Conclusão
O método de Willis permanece como uma ferramenta valiosa no diagnóstico parasitológico, especialmente para helmintos intestinais. Embora apresente limitações, sua simplicidade e baixo custo o tornam indispensável em:
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Clínicas veterinárias de pequeno porte
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Laboratórios de saúde pública com recursos limitados
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Pesquisas de campo em regiões endêmicas
A combinação com outros métodos (como sedimentação ou ELISA) pode aumentar significativamente a acurácia diagnóstica, fornecendo um panorama completo das infecções parasitárias.
Referências Técnicas
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Garcia, L.S. Diagnostic Medical Parasitology. 6ª ed. ASM Press, 2016.
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Urquhart, G.M. Veterinary Parasitology. 3ª ed. Wiley, 2012.
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WHO. Basic Laboratory Methods in Medical Parasitology. 1991.
Este artigo abrange todos os aspectos essenciais do método de Willis, desde sua execução até sua relevância atual no diagnóstico parasitológico.
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