
Larvas Migrans: O Que São e Como Afetam o Ser Humano
Introdução
As larvas migrans são um grupo de parasitas que podem infectar seres humanos, causando doenças cutâneas e, em alguns casos, sistêmicas. Essas larvas pertencem principalmente a dois tipos: Larva Migrans Cutânea (LMC), também conhecida como “bicho-geográfico”, e Larva Migrans Visceral (LMV), que afeta órgãos internos. Ambas são zoonoses, ou seja, são transmitidas de animais para humanos, e estão associadas a condições sanitárias inadequadas e contato com solo contaminado.
Neste texto, serão abordados os agentes causadores, formas de transmissão, sintomas, diagnóstico, tratamento e prevenção das larvas migrans, destacando seu impacto na saúde humana.
1. O Que São Larvas Migrans?
As larvas migrans são causadas por nematódeos (vermes redondos) que, em seu ciclo de vida, utilizam humanos como hospedeiros acidentais. Os principais agentes são:
1.1 Larva Migrans Cutânea (LMC)
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Agentes causadores:
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Ancylostoma braziliense (mais comum)
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Ancylostoma caninum
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Uncinaria stenocephala
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Esses parasitas são comuns em cães e gatos, que eliminam ovos nas fezes. As larvas eclodem no solo e penetram na pele humana.
1.2 Larva Migrans Visceral (LMV)
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Agente causador:
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Toxocara canis (de cães)
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Toxocara cati (de gatos)
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Diferente da LMC, essa forma atinge órgãos internos, como fígado, pulmões e até o sistema nervoso central.
2. Transmissão ao Ser Humano
2.1 Como Ocorre a Infecção?
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LMC: A contaminação acontece quando a pele humana entra em contato com solo úmido e contaminado por fezes de animais infectados. Locais de risco incluem praias, terrenos baldios e áreas onde cães e gatos defecam livremente.
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LMV: A infecção ocorre pela ingestão acidental de ovos do parasita, presentes em alimentos mal lavados, água contaminada ou pelo hábito de levar as mãos à boca após manipular terra ou areia.
2.2 Grupos de Risco
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Crianças (que brincam em areia ou terra contaminada).
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Agricultores, jardineiros e trabalhadores da construção civil.
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Pessoas que andam descalças em locais com fezes de animais.
3. Sintomas da Doença
3.1 Larva Migrans Cutânea (Bicho-Geográfico)
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Lesões serpiginosas (em formato de “mapa”) na pele, geralmente nos pés, pernas, nádegas e mãos.
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Coceira intensa (prurido), que piora à noite.
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Vermelhidão e inflamação no local da penetração da larva.
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Em alguns casos, infecções bacterianas secundárias devido ao ato de coçar.
3.2 Larva Migrans Visceral (Toxocaríase)
Os sintomas dependem da migração das larvas para órgãos como fígado, pulmões e olhos:
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Febre e mal-estar.
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Dor abdominal e aumento do fígado (hepatomegalia).
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Tosse e dificuldade respiratória (se as larvas atingirem os pulmões).
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Problemas oculares (em casos de toxocaríase ocular, pode levar à perda de visão).
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Alterações neurológicas (em casos raros, quando as larvas atingem o cérebro).
4. Diagnóstico
4.1 Larva Migrans Cutânea
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Diagnóstico clínico: Baseado no aspecto das lesões e histórico de exposição a solo contaminado.
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Biópsia de pele (em casos duvidosos).
4.2 Larva Migrans Visceral
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Exames de sangue: Eosinofilia (aumento de eosinófilos, células de defesa contra parasitas).
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Sorologia: Detecção de anticorpos contra Toxocara.
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Imagem: Ultrassom ou tomografia podem mostrar lesões no fígado ou outros órgãos.
5. Tratamento
5.1 Larva Migrans Cutânea
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Medicamentos antiparasitários:
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Albendazol ou ivermectina (via oral).
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Tiabendazol tópico (creme ou pomada).
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Crioterapia: Em alguns casos, a larva pode ser congelada com nitrogênio líquido.
5.2 Larva Migrans Visceral
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Albendazol ou mebendazol (tratamento oral por vários dias).
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Corticoides (em casos graves com inflamação intensa).
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Tratamento ocular específico (se houver comprometimento dos olhos).
6. Prevenção
6.1 Medidas Gerais
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Evitar andar descalço em locais onde animais defecam (praias, gramados, terrenos baldios).
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Lavar bem as mãos após manipular terra ou areia.
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Consumir apenas água filtrada e alimentos bem lavados.
6.2 Controle em Animais
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Vermifugação regular de cães e gatos.
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Recolher fezes de animais e evitar que defequem em áreas públicas.
6.3 Educação Sanitária
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Conscientização sobre os riscos de contato com solo contaminado.
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Campanhas de saúde pública em áreas endêmicas.
7. Conclusão
As larvas migrans representam um importante problema de saúde pública, especialmente em regiões com saneamento básico precário. Enquanto a Larva Migrans Cutânea causa lesões na pele e coceira intensa, a Larva Migrans Visceral pode levar a complicações graves em órgãos internos.
O diagnóstico precoce e o tratamento adequado são essenciais para evitar complicações. No entanto, a prevenção—com medidas como controle de parasitas em animais, higiene pessoal e ambiental—é a melhor forma de reduzir os casos dessas infecções.
Investir em educação sanitária e políticas públicas é fundamental para diminuir a incidência dessas zoonoses e proteger a saúde humana.
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