Transmissão da Dirofilariose em Cães
A dirofilariose, também conhecida como “doença do verme do coração”, é uma enfermidade grave que afeta principalmente cães, podendo também infectar gatos e, raramente, humanos. Essa condição é causada pelo parasita Dirofilaria immitis, um nematódeo que se aloja no coração e artérias pulmonares dos animais, causando danos cardiovasculares significativos. A transmissão da dirofilariose ocorre através de vetores biológicos, sendo os mosquitos os principais responsáveis pelo ciclo de infecção.
Neste texto, exploraremos em detalhes como ocorre a transmissão da dirofilariose em cães, abordando o ciclo de vida do parasita, as espécies de mosquitos envolvidas, os fatores de risco e as medidas preventivas para controlar a doença.
1. O Ciclo de Vida da Dirofilaria immitis
Para entender a transmissão da dirofilariose, é essencial conhecer o ciclo de vida do parasita, que envolve dois hospedeiros:
A. Hospedeiro Definitivo (Cães e Outros Mamíferos)
O cão é o principal hospedeiro definitivo, mas outros animais como gatos, furões, lobos e até humanos podem ser infectados acidentalmente. No hospedeiro, o parasita adulto se localiza no coração (ventrículo direito) e nas artérias pulmonares, onde se reproduz sexualmente, liberando microfilárias (larvas L1) na corrente sanguínea.
B. Hospedeiro Intermediário (Mosquitos Vetores)
As microfilárias circulantes no sangue do cão infectado são ingeridas por mosquitos fêmeas durante o repasto sanguíneo. Dentro do mosquito, as larvas sofrem um processo de desenvolvimento:
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L1 → L2 → L3 (forma infectante): Esse processo leva cerca de 10 a 14 dias, dependendo da temperatura ambiente.
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Transmissão para um novo hospedeiro: Quando o mosquito infectado pica outro cão, as larvas L3 são depositadas na pele e migram para os tecidos subcutâneos, onde se desenvolvem em L4 e depois em adultos (L5).
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Migração para o coração: Os vermes jovens (L5) viajam pela corrente sanguínea até alcançarem o coração e artérias pulmonares, onde se tornam adultos e reiniciam o ciclo.
O período desde a infecção até a detecção de microfilárias no sangue (pré-patência) é de aproximadamente 6 a 7 meses.
2. Espécies de Mosquitos Vetores
Várias espécies de mosquitos podem transmitir a dirofilariose, sendo as mais comuns:
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Culex spp. (ex.: Culex pipiens, comum em áreas urbanas)
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Aedes spp. (ex.: Aedes aegypti e Aedes albopictus)
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Anopheles spp. (em algumas regiões)
A capacidade de transmissão depende da disponibilidade de mosquitos vetores e das condições climáticas, já que o desenvolvimento das larvas no mosquito é favorecido por temperaturas entre 26°C e 30°C.
3. Fatores de Risco para a Transmissão
A disseminação da dirofilariose está associada a diversos fatores:
A. Clima e Geografia
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Regiões tropicais e subtropicais são mais propensas devido à alta população de mosquitos.
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Em áreas temperadas, a transmissão é sazonal (maior risco no verão).
B. Presença de Cães Infectados
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Cães sem prevenção são reservatórios da doença, mantendo o ciclo de transmissão.
C. Falta de Controle de Mosquitos
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Locais com água parada e alta densidade de mosquitos aumentam o risco.
4. Sinais Clínicos da Dirofilariose em Cães
A infecção pode ser assintomática no início, mas, com o tempo, os sinais incluem:
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Tosse crônica
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Intolerância ao exercício
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Perda de peso
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Dificuldade respiratória
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Insuficiência cardíaca (em casos avançados)
A doença pode ser fatal se não tratada.
5. Prevenção e Controle
A melhor forma de evitar a dirofilariose é a profilaxia, que inclui:
A. Uso de Preventivos Mensais
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Drogas como ivermectina, milbemicina e selamectina (em comprimidos, pipetas ou injeções).
B. Controle de Mosquitos
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Uso de repelentes
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Eliminação de criadouros (água parada)
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Telas em canis
C. Testes Regulares
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Cães em áreas endêmicas devem ser testados anualmente.
6. Conclusão
A dirofilariose é uma doença grave transmitida por mosquitos, com um ciclo complexo envolvendo cães como hospedeiros definitivos. A prevenção é fundamental, especialmente em regiões de alto risco, e inclui medicamentos antiparasitários e controle de vetores. Donos de cães devem estar atentos aos sintomas e buscar orientação veterinária para evitar complicações.
Com medidas adequadas, é possível reduzir significativamente a incidência dessa enfermidade e garantir uma vida mais saudável aos animais de estimação.