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Como ocorre a transmissão da ancilostomíase

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Transmissão da Ancilostomíase: Mecanismos, Ciclo Parasitário e Fatores de Risco

Introdução

A ancilostomíase, também conhecida como “amarelão”, é uma verminose intestinal causada por nematódeos dos gêneros Ancylostoma e Necator. Essa parasitose afeta milhões de pessoas e animais em regiões tropicais e subtropicais, sendo considerada uma doença negligenciada pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Este artigo explora em detalhes os mecanismos de transmissão, o ciclo biológico do parasita, os fatores de risco associados e as estratégias de prevenção.


1. Agentes Etiológicos da Ancilostomíase

Os principais parasitas causadores da ancilostomíase incluem:


2. Ciclo de Vida do Parasita

O ciclo da ancilostomíase envolve estágios livres no ambiente e parasitários no hospedeiro:

2.1 Estágios de Desenvolvimento

  1. Ovos eliminados nas fezes:

    • Cada fêmea adulta produz 10.000–30.000 ovos/dia.

    • Ovos eclodem em 24–48 horas em solo úmido e quente (>20°C).

  2. Formação de larvas rabditoides (L1):

    • Alimentam-se de matéria orgânica no solo.

  3. Transformação em larvas filarioides infectantes (L3):

    • Ocorre em 5–10 dias em condições ideais.

    • Sobrevivem no solo por semanas a meses.

  4. Penetração no hospedeiro:

    • Através da pele (principal via) ou por ingestão.

  5. Migração tecidual:

    • Larvas alcançam os pulmões via corrente sanguínea.

    • São deglutidas e atingem o intestino delgado, onde se tornam adultas.

  6. Fase adulta no intestino:

    • Fixam-se na mucosa e sugam 0,1–0,3 mL de sangue/dia por verme.


3. Principais Vias de Transmissão

3.1 Penetração Ativa pela Pele (Principal Via)

  • Larvas L3 perfuram a epiderme em contato com solo contaminado.

  • Locais de risco:

    • Caminhar descalço em terrenos úmidos.

    • Contato com areia de praias frequentadas por cães.

3.2 Ingestão Acidental de Larvas

  • Consumo de vegetais mal lavados contaminados com larvas.

  • Crianças que levam mãos sujas à boca após brincar em solo infestado.

3.3 Transmissão Congênita e Lactogênica

  • Rara em humanos, mas ocorre em cães:

    • Larvas migram para o feto via placenta (A. caninum).

    • Leite materno pode transmitir larvas a filhotes.

3.4 Transmissão Zoonótica

  • A. braziliense e A. caninum podem penetrar a pele humana, causando larva migrans cutânea (não completam o ciclo intestinal).


4. Fatores que Favorecem a Transmissão

4.1 Condições Ambientais

✔ Clima quente e úmido (ótimo para desenvolvimento larval).
✔ Solo arenoso ou com matéria orgânica (favorece sobrevivência das larvas).
✔ Falta de saneamento básico (defecação ao ar livre).

4.2 Fatores Sociais e Comportamentais

✔ Pobreza e falta de educação sanitária.
✔ Andar descalço em áreas endêmicas.
✔ Contato frequente com solos contaminados (agricultores, crianças).


5. Grupos de Maior Risco

  • Crianças (brincam no chão e têm menor imunidade).

  • Agricultores e trabalhadores rurais.

  • Populações sem acesso a saneamento básico.

  • Pets não vermifugados (cães e gatos).


6. Sinais Clínicos da Infecção

6.1 Fase Cutânea

  • Dermatite no local de penetração (“síndrome do solo ardente”).

6.2 Fase Pulmonar

  • Tosse seca e eosinofilia (rara em humanos, mais comum em animais).

6.3 Fase Intestinal

  • Anemia ferropriva (palidez, fadiga).

  • Dor abdominal e diarreia.

  • Deficiência de proteínas (edema em casos graves).


7. Diagnóstico

  • Exame parasitológico de fezes (método de Kato-Katz).

  • Hemograma (anemia microcítica hipocrômica).

  • PCR (para identificação específica da espécie).


8. Prevenção e Controle

8.1 Medidas Individuais

✔ Usar calçados em áreas endêmicas.
✔ Lavar verduras e frutas com água potável.
✔ Vermifugação regular de cães e gatos.

8.2 Medidas Coletivas

✔ Saneamento básico (redes de esgoto).
✔ Educação sanitária em comunidades de risco.
✔ Tratamento em massa com albendazol ou mebendazol em áreas endêmicas.


9. Tratamento

  • Albendazol (400 mg dose única para humanos).

  • Mebendazol (100 mg 2x/dia por 3 dias).

  • Suplementação de ferro (para casos anêmicos).


Conclusão

A transmissão da ancilostomíase ocorre principalmente pela penetração de larvas através da pele em contato com solo contaminado. Sua disseminação está intimamente ligada a:
Condições socioambientais precárias
Falta de saneamento básico
Comportamentos de risco

O controle requer abordagem multissetorial, combinando tratamento médico, educação sanitária e melhoria da infraestrutura urbana. Em animais, a vermifugação periódica é essencial para reduzir a contaminação ambiental.


Referências Científicas

  1. WHO. Soil-transmitted helminth infections. 2023.

  2. CDC. Parasites – Hookworm. 2022.

  3. NEVES, D.P. Parasitologia Humana. 13ª ed. Atheneu, 2016.

Este artigo fornece uma visão abrangente dos mecanismos de transmissão da ancilostomíase, destacando a importância das medidas preventivas.


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